segunda-feira, 28 de novembro de 2011

6º Filme do Ciclo Terror Trash

Mulheres nuas. Tom macabro. Bruxas, videntes, macumbeiras. Dor. Sangue. Tortura. Mutilações com ganchos e facas. Agulhadas. Mãos esmagadas. Choque em mamilos. Ratos e baratas. Um clássico B. E como todo clássico, imperdível. Fechando o Ciclo Terror Trash, em parceria com o Cineclube Wilson Grey, o BG orgulhosamente apresenta:




sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A Encarnação do Demônio

Para deleite dos fãs, Encarnação do Demônio (2008) encerra, após quarenta anos, a trilogia iniciada em 1964 com A meia-noite levarei sua alma, que ainda gerou Esta noite encarnarei no teu cadáver em 1967. Apesar da distancia temporal, cineasta José Mojica Marins, criador e interprete do protagonista Zé do Caixão nos três filmes, conseguiu modernizar a narrativa sem perder a mítica do personagem. 

A trama atualiza a história para os dias atuais. Após 30 anos preso, Zé do Caixão (José Mojica Marins) é finalmente libertado. Novamente em contato com as ruas, o sádico coveiro está decidido a cumprir a mesma meta que o levou preso: encontrar a mulher que possa lhe gerar um filho perfeito. Em seu caminho pela cidade de São Paulo, deixa um rastro de horror, enfrentando leis não-naturais e crendices populares.

Mojica utiliza a técnica do flashback para construir uma ponte de ligação com os dois filmes anteriores. Ao mesmo tempo, esse recurso serve para familiarizar o espectador que não conhece sua obra. São noventa minutos de sangue, vísceras e escatologia, influenciados por uma linguagem cinematográfica nostálgica que utiliza a presença de Zé do Caixão para transportar o espectador para um universo de violência extrema. Uma mistura de terror e erotismo aguçados pelos efeitos especiais de André Kapel. Todos esses maneirismos visuais não são gratuitos. Cada seqüência de violência acerbada é justificada objetivamente através de uma coerência narrativa com a psicologia e obsessão do protagonista. Fica claro que os meios justificam o fim. 

Mojica abusa dos tons escuros e carregados, mesmo nas cores vivas como o vermelho. A fotografia de José Roberto Eliezer aliado a direção de arte de Cássio Amarante possuem requintes gregorianos que nos remete ao cinema dos anos 70 do mestre do giallo Dario Argento. Esse painel de matizes sombrias transformam a cidade de São Paulo em uma espécie de terra paralela, em que o real ganha uma camada de fantasia nebulosa oriunda de uma dimensão bestial e funesta. No meio desse cenário lúgubre, mensagens subliminares surgem disfarçadas de forma que a cadencia da trama não perca o seu ritmo avassalador. A edição de Paulo Sacramento pontua esse compasso junto com a ótima trilha sonora composta pela dupla André Abujamra e Marcio Nigro.

Interessante que todo esse apuro técnico acabou sendo obra do destino. A idéia era finalizar a história de Zé do Caixão ainda nos anos 60, mas perseguido pela ditadura, Mojica não conseguiu viabilizar o projeto. Foram décadas tentando arranjar uma verba que pudesse levar o capítulo final da saga da figura dramática mais famosa do terror tupiniquim. A solução começou a surgir, quando Mojica foi descoberto pelas cabeças pensantes lá de fora. Seu personagem ganhou o nome de Coffin Joe e foi imortalizado por milhares de fãs espalhados pelos quatro cantos do mundo. Ele passou a ser convidado para festivais de filmes fantásticos e chamou a atenção dos novos cineastas do terror como Rob Zombie (Casa dos 1000 Corpos) e Eli Roth (O Albergue), entre outros.

Com toda essa fama, Mojica acabou sendo redescoberto no Brasil. Com a aprovação do 1ºmundo, o 3ºmundo passou a vê-lo com outros olhos. Se o Zé do Caixão era um pastiche nas décadas de 80 e 90, no novo milênio passou a ser considerado cult pelos intelectuais e estudantes de cinema brasileiros. Uma pena que essa conclusão tenha partido de fora para dentro. Mas toda essa demora acabou criando a oportunidade de contar com novos recursos tecnológicos e uma verba decente. Nunca Mojica teve um orçamento desse porte. Foram 1,8 milhões de reais onde o diretor pode por em prática toda sua habilidade de artesão cinematográfico.


(retirado do Jovem Nerd)



SERVIÇO 
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 29 de novembro, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mangue Negro

Fábulas negras: zumbis começam a atacar os moradores de uma pequena comunidade de um manguezal.

Se Stephen King tem o seu Maine natal e H.P. Lovecraft a minúscula Providence, de onde poucas vezes saiu, Rodrigo Aragão teve a manha - meio na inspiração, meio na cara de pau - de fincar no modesto bairro de pescadores Perocão, na ensolarada Guarapari (ES), os alicerces de seu universo mítico. As ruas suburbanas, a pescaria da molecada e os barcos esperando a maré nada têm de tenebroso. A não ser a imaginação do diretor, que por afinidade - e comodidade, vai - cria ao redor de sua casa uma dimensão fantástica, espremida entre o mangue e o mar. A junção do que vive sob o lodo fedorento com o que se oculta abaixo da superfície da baía se desembesta em histórias que só vendo. No Perocão, o sol não alivia o medo, só o ofusca. Seus moradores fictícios perambulam em um espaço sem tempo e progresso material em que o conflito entre o Bem e o Mal só oferece duas escolhas às pessoas ordinárias: rezar ou rezar correndo.



"Nessa vida todo mundo morre, Luís"

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

5º Filme do Ciclo Terror Trash

Fantástica realização de Rodrigo Aragão. Nascido em 1977 na comunidade de pescadores do Perocão, em Guarapari, cresceu no meio de muita imaginação e fantasia – o pai era mágico profissional e dono de cinema. Com esse background, nada menos surpreendente que, ao assistir filmes como O Império Contra-Ataca, de George Lucas, e Uma Noite Alucinante, de Sam Raimi, o menino ficasse entusiasmado por efeitos especiais e terror. O interesse adolescente estava lá, mas só com muito esforço transformou-se em habilidade para fazer efeitos eficientes e roteiros funcionais. Essa habilidade, desenvolvida e posta em prática nos curtas Chupa Cabras (2004), Peixe Podre (2005) e Peixe Podre 2 (2006), pode agora ser conferida em seu primeiro longa: Mangue Negro. 

Nada menos que setecentos litros de sangue (cuja receita inclui até chocolate) foram gastos nas filmagens, inteiramente realizadas no quintal da casa de Rodrigo - onde ele construiu com madeiras velhas os barracos que serviram de cenário e por onde passa o principal astro do filme: o mangue. 

Logo na primeira cena o espectador é apresentado ao bizarro meio em que as ações ocorrem. Uma câmera meio Peter Jackson-meio Sam Raimi aproxima-se depressa de um bote e enquadra o rosto de Agenor dos Santos (Markus Conká), um pescador contador de causos que percorre lentamente o mangue em busca de um pesqueiro, na companhia do colega remador. A tomada tem grande eficácia para incitar a curiosidade, criar a atmosfera de suspense e introduzir as personagens.

Batista (Reginaldo Secundo) enterra as mãos na lama à cata de caranguejos cada vez mais escassos. A brejeira Raquel (Kika de Oliveira) lava roupas na beira do mangue para ajudar a mãe, presa a uma cama e deficiente visual. O tímido Luís (Valderrama dos Santos) ensaia uma declaração de amor. O asqueroso Valdê (Ricardo Araújo), pai de Raquel, recebe a visita do asqueroso atravessador (Antônio Lâmego), que, enquanto espera um lote de caranguejos asquerosos, dá em cima de Raquel, para desespero de Luís.

Mas, quando o mundo enlouquece e seres desvairados e esfaimados despertam do fundo do manguezal, Luís é obrigado a adiar os momentos idílicos e a se preocupar com o essencial: salvar a pele (e a carne) da amada (e a sua também). Em meio à gosma e ao sangue, Luís maneja a machadinha com perícia, tentando repelir o ataque irresistível dos zumbis à cabana. Quando a doce carne de Raquel é dilacerada por dentes infectos, a única chance passa a ser a preta velha Dona Benedita (André Lobo), que aconselha Luís a (em plena madrugada e no mangue infestado de mortos-vivos) pescar um baiacú, cujo fel pode salvar Raquel.

Mesclando crítica ecológica e humor negro, fotografia dark e tomadas eficazes, Mangue Negro é um clássico do horror tupiniquim. A versatilidade do diretor lembra a de outro criador de efeitos especiais: Tom Savini, o responsável pelos efeitos dos filmes de George Romero. Com a diferença que Savini só estreou na direção em 1990, no remake de A noite dos mortos vivos. O Tom Savini brasileiro logo na estréia dirige, cria efeitos especiais e roteiriza. Com a pretensão apenas de divertir, mas despretensão não torna um filme bom. Talento, sim.


retirado daqui


terça-feira, 8 de novembro de 2011

2º Filme do Ciclo Terror Trash

Ivan Cardoso compartilha com boa parte do Cinema Marginal, movimento no qual começou sua carreira cinematográfica, um gosto irresistível pelo popular. Esta vocação é exercitada sem pudores em todos os seus filmes, desde os curtas-metragens em que estreou como diretor na década de 1970, até seus longas-metragens, em que o horror, a nudez e o humor se misturam em farsas deliciosamente filmadas. O popular muitas vezes é grosseiro e o diretor nunca se esquece disto; ao contrário, deleita-se encenando os mais variados absurdos. Toda sorte de criaturas sobrenaturais – múmias, vampiros, lobisomens – à solta no Brasil, mulheres nuas se ensaboando lascivamente diante da câmera, tramas rocambolescas repletas de situações cômicas: este é o mundo de Ivan Cardoso. 

Muito apropriado, então, que As Sete Vampiras, grande sucesso de público lançado em 1986, se inicie com a chegada ao Brasil de uma planta carnívora africana capaz de transmutar em vampiros e que o filme se transforme em uma caçada a um assassino serial – devidamente “vampirizado” -, tendo como pano de fundo uma boate onde, é claro, dançarinas se apresentam com pouca ou nenhuma roupa. 

A deliciosa ambientação no Rio de Janeiro dos anos 1950 (capital dos Estados Unidos do Brasil?) é devedora de um universo visual bastante particular onde se misturam revistas em quadrinhos, chanchadas, seriados televisivos e filmes baratos de gênero. 

Trata-se de homenagens bastante carinhosas que se integram ao filme sem o menor traço de auto-indulgência. Há, inclusive, uma frontalidade digna de uma declaração de princípios na forma como estas referências são apresentadas: o detetive interpretado por Nuno Leal Maia passa boa parte de seu tempo lendo gibis ostensivamente diante da câmera; o próprio Hitchcock apresenta o filme como fazia com os episódios de sua famosa série; grandes nomes da chanchada – Colé Santana, Wilson Grey e Zezé Macedo, entre outros - desfilam diante da câmera sem grandes funções narrativas. 

As Sete Vampiras é de uma honestidade apaixonante em mostrar o que interessa e, mais importante, da forma que interessa. 


O cinema de horror brasileiro em tempos de Ivampirismo aqui:


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Medo de quê?

Os imemoriais tempos de sangue na tela, tripas expostas e calafrios no fim da coluna. Medo, fonte viva dos filmes de terror, alguns dizem que é um dos sentimentos que mais faz as pessoas se sentirem vivas e livres.

Mas o que é o horror? O que é esse sentimento letal, desesperador, que seduz e atrai a humanidade há séculos?

"Aqui está a verdade final sobre os filmes de horror. Eles não amam a morte, como alguns têm proposto, eles amam a vida. Eles não celebram a deformidade, mas, habitando a deformidade, cantam a saúde e a energia. Eles são os purificadores da mente, tirando não rancor, mas ansiedade" (Stephen King, Dança Macabra)

Pelas águas sangrentas e sustos fenomenais, o BG anuncia sua festa macabra com o setlist do DJ Zeh Alsanne, a intervenção dos Cretinos Iluminados, os arrepios dos melhores curtas de terror e o show de lançamento do vinil "Mono Maçã", de Lê Almeida, com suas guitarras distorcidas.

Ah, e na vibe de que a arte é pra ser espalhada, você pode baixar o cd aqui.

Tá tenso? Como diz Cemitério Maldito: às vezes, a morte é o melhor.




terça-feira, 1 de novembro de 2011

1º Filme do Ciclo Terror Trash


Sobrenatural. Humor. Excesso. Superstição. Crendice popular. 

"O que é a vida? É o princípio da morte. O que é a morte? É o fim da vida. O que é a existência? É a continuidade do sangue. O que é o sangue? É a razão da existência.

O marco zero do início: à meia noite. levarei. sua alma.

Prêmio L'Ecran Fantastique pela originalidade
Prêmio Tiers Monde da imprensa na Convention du Cinema Fantastique
Prêmio Especial no Festival de Cine Fantástico y de Terror de Sitges