quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sessão Lar Doce Lar

Casa que é casa a gente chama de lar! E pra confirmar o ditado de que "O bom filho à casa torna", o BG de sábado dessse mês está totalmente nas mãos do nosso queridíssimo tchatcho Emerson Noise. O Espetáculo de Circo Contemporâneo LAR DOCE LAR, (diretamente de Sampa) chega à nossa terra natal, provando que a vida pode ser doce dentro de casa!

Além disso, vem pra nossas terras laranjais os filmes do Cisco Vasques, claves de luz com o chileno Javier Pinto, banca do Lets Pense, setlist do DJ Felipe S. e o som da Banda Na Sala do Sino. Dá até vontade de gritar Uhu, Nova Iguaçu, né? Nada disso, a gente vai gritar "Essa sessão vai ser do c@r#!ho!" Chega mais, a Casa é Sua.



Ah, a gente vai cobrar dois reais pra dar uma moral ao nosso querido tchatcho, ok?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

4ª Sessão do Ciclo Carnavalesco

A companhia cinematográfica Atlântida iniciou suas atividades em 1941. A ideia original dos fundadores da empresa era produzir longas-metragens com pretensões artísticas, tendo como principal influência o Neo-Realismo italiano. Mas essa ideia acabou não vingando. Com o tempo, ficou provado que somente os filmes carnavalescos tinham um público cativo.

Médico de formação, o pernambucano José Carlos Burle foi um dos grandes diretores do período. Buscou diversas vezes o filme social (Moleque Tião) e mesmo os dramalhões nos moldes da Vera Cruz (Maior Que o Ódio). Mas fez escola com as chanchadas, que eram perseguidas pela crítica da época.

Paródia a Hollywood, Carnaval Atlântida é um dos mais divertidos longas-metragens de todos os tempos. O produtor Cecílio B. de Milho (Renato Restier) quer realizar uma fita sobre Helena de Tróia no Rio de Janeiro. Para isso, ele contrata o professor Xenofontes (Oscarito), um profundo conhecedor da mitologia grega. Ao mesmo tempo, dois empregados do estúdio (Grande Othelo e Colé Santana) querem transformar tudo numa chanchada.

Com o tempo, todos os personagens da trama veem a impossibilidade de realizar um trabalho igual aos americanos. Por isso, o antes sisudo professor de assuntos da Grécia Antiga e o produtor americanófilo acabam caindo no samba.

Um aspecto que precisa ser destacado neste longa-metragem são os números musicais. Nomes sagrados da nossa música popular como Blecaute, Caco Velho, Nora Ney e Dick Farney cantam seus respectivos sucessos. Esse desfile de artistas não afeta o ritmo do filme.

Trabalho bastante autoral de Burle, este filme não é uma chanchada comum. Isso pode ser visto de várias maneiras. O nome do produtor Cecílio B. de Milho é claramente uma gozação com Cecil B. de Mille, realizador norte-americano reconhecido por trabalhos marcantes como Os Dez Mandamentos e Sansão e Dalila. 

Passados quase 60 anos da realização desta fita, podemos dizer que Carnaval Atlântida é sem dúvida uma paródia atemporal. Resistiu muito bem ao tempo e seu recado continua valendo. Muitos produtores e cineastas brasileiros continuam sendo grandes Cecílios B. de Milho. Não pensam numa estética popular e brasileira. Querem somente imitar modelos estrangeiros.

(retirado de http://www.revistazingu.net/2011/03/carnaval-atlantida)


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carnaval Atlântida

CURIOSIDADES: 

- Inicialmente o filme se chamaria Pegando Fogo. Contudo, por coincidência, a Atlântida, pouco antes, pega fogo de verdade, fazendo com que o nome da produção fosse alterado com o assentimento de todos, utilizando-se, afetivamente, o nome dos estúdios numa tentativa de afastar os maus desígnios; 

- Carlos Manga dirigiu as cenas musicais;

- O filme ostenta uma infinidade de músicas de todas as épocas, muitas hoje clássicas: “No tabuleiro da baiana” (Ary Barroso), com Grande Otelo e Eliana Macedo; “Ai que saudade da Amélia” (Ataulfo Alves e Mário Lago); “O teu cabelo não nega” (Lamartine Babo, João Valença e Raul Valença); “Pastorinhas” (Noel Rosa e João de Barro); “Marcha do Sapinho” (Humberto Teixeira e Norte Victor), com Oscarito e Maria Antonieta Pons; “Cachaça” (Mirabeau Pinheiro, Lúcio Castro e Heber Lobato), com Grande Otelo e Colé Santana, etc.  

Ainda tá sentindo a energia dos  blocos de Carnaval na veia? A gente pode reviver junto a  vibe na próxima terça! Folia é estado de espírito.

Cachaça, por Carmen Costa e Colé



SERVIÇO
    Cineclube Buraco do Getúlio
    Dia 28 de fevereiro, terça, às 20h
    Casa de Cultura de Nova Iguaçu
    Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - Nova Iguaçu
    Próximo à Estação de Trem de Nova Iguaçu

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

3ª Sessão do Ciclo Carnavalesco

Quarto longa-metragem de Carlos Diegues, Quando o Carnaval Chegar sofre o contexto de sua época, ao mesmo tempo em que é nítido o esforço do realizador em não torná-lo restrito e datado ao período em que foi concebido. Impossível não contextualizá-lo nos tempos difíceis do governo Médici, os anos de chumbo pós-AI5, dos muitos exílios e repressões, além de um oba-oba proveniente de um falso milagre econômico (...). É a tradução de sua época, um momento específico e historicamente importante (ainda que ingrato, mas não desprovido de sua beleza) expresso na narrativa do começo ao fim.

Era também a primeira tentativa de Carlos Diegues em se aproximar de um público verdadeiramente maior. Consagrado por parte da crítica nacional e tendo merecido análises e entrevistas na Cahiers du Cinèma, os primeiros longas do diretor nos anos sessenta eram por vezes demasiados herméticos e alegóricos (e verdade seja dita, são os que mais envelheceram com o tempo dentre os representantes do Cinema Novo brasileiro). O próprio Diegues no final daquela década havia dito em entrevista na Cahiers que o Cinema Novo morrera. Quando o Carnaval Chegar é então o seu filme seguinte, o de retorno do exílio europeu e reencontro com a pátria naquelas condições em que agora a encontrara.

Foi também uma das primeiras oportunidades em que um diretor de sua geração experimentara o filme musical, esse gênero hollywoodiano por excelência, mas tão universal. No auge do Cinema Novo houve Garota de Ipanema (1967), de Leon Hirszman e com a nata da música brasileira da época, mas de resultados inexpressivos e logo esquecido. E, antes, houve a chanchada, é claro, que não propriamente pertencia ao gênero, mas onde se inseriam números musicais com os artistas da época, uma oportunidade do grande público em conhecer de perto os cantores que faziam sucesso na era do rádio.

Não seria absurdo pensar em Quando o Carnaval Chegar como um encontro entre duas filiações cinematográficas tão distintas como o Cinema Novo e a Chanchada, sem que nenhum lado pese tanto na balança. Há uma graça e leveza que remonta às produções da Atlântida (embora sem o humor tão característico) e é possível enxergar conotações políticas no filme de Diegues, embora estas não sejam tão acentuadas, e passado tanto tempo, já não interessem mais.

Quando o Carnaval Chegar é igualmente um encontro com alguns dos grandes cantores de sua época e um presente de Diegues para sua mulher, Nara Leão, que o acompanhara no exílio. Mas o filme será eternamente identificado a Chico Buarque de Hollanda, que compôs as canções da trilha sonora, incluindo a célebre faixa-título, que se sobrepõe à própria película no imaginário do público (também se encontram no filme grandes composições de Lamartine Babo, Braguinha, Joubert de Carvalho, Assis Valente, Nássara, Tom e Vinícius, etc.). Nara, Chico e Maria Bethânia são Mimi, Paulo e Rosa, um trio com todos com menos de trinta anos, que fazem parte de uma trupe de cantores de rádio que se apresentam pelo Brasil afora num ônibus multicolorido e fazendo a festa onde quer que estejam.

Mas há paixões, intrigas, dúvidas, discussões, incertezas, e ciúmes. Os personagens refletem os artistas que os interpretam. Paulo é o ídolo popular e estrela do grupo, a principal referência pela qual a trupe é conhecida. Rosa é a mais brincalhona e a que se diverte com tudo e todos. Mimi representa o contraponto à alegria expressa pelo filme, que joga toda sensação de desamparo para cima da personagem de Nara Leão. Completam o grupo o empresário Lourival (Hugo Carvana), e o motorista Cuíca (Antonio Pitanga), tocador do instrumento nas rodas de samba no morro de origem, sempre a espera de uma oportunidade no show. Destaque ainda para a parte do elenco que compõem o que seria os vilões de Quando o Carnaval Chegar: Elke Maravilha, como uma espectadora francesa que se envolve e ilude o personagem de Antonio Pitanga, além de José Lewgoy, de grande poder no mundo dos espetáculos, e seu capanga interpretado por Wilson Grey ─ os dois últimos citados, monstros sagrados da chanchada, o que remete ainda mais aos áureos tempos das produções da Atlântida.

Trata-se de uma turma que batalha e sonha, sofre e se decepciona, sempre no aguardo de alguma grande chance (tanto no trabalho quanto no dia-a-dia e no amor), em meio as suas alegrias e canções, e à expectativa de quando o carnaval chegar. Ainda que conte com certa ingenuidade eternamente ligada a quase todas as tentativas do cinema brasileiro em ser mais comercial, o filme de Carlos Diegues consegue um belo resultado ao utilizar a metáfora simples e nada nova (mas aqui tratada com grande competência) da vida associada ao carnaval.

Retirado de http://www.revistazingu.net/2011/03/quando-o-carnaval-chegar, por Vlademir Lazo.


"Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu, cantando":



sábado, 11 de fevereiro de 2012

Quando o Carnaval Chegar

Rufem os tambores! É tempo de Chico Buarque, Cacá Diegues e Hugo Carvana no BG. A trilha sonora é composta em sua maior parte pelo nosso Chico, mas há ainda participação de Maria Bethânia e Nara Leão, além dos talentos de Elke Maravilha, Wilson Grey e Antônio Pitanga. A sessão começa pontualmente às 20h e se quiser, pode trazer um violão depois pra cantar pelos bares da vida. Treina aí:



Tom: A
                
Am6                                              G7+          G#º
Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Gm7                  A                   Bb7+
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Am6                                             G7+      G#º
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não possofalar
Gm7                  A                   Bb7+
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
D                                                  D7+ D7
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
G7+                 Bb                 E7     A7
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
D                                                  D7+ D7
Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá
G7+                 Bb                 E7     A7
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Am6                                              G7+          G#º
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Gm7                  A/G               Bb7+
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Am6                                              G7+          G#º
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Gm7                  A/G               Bb7+
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
D                                                  D7+ D7
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
G7+                 Bb                 E7     A7
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
D                                                 D7+ D7
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
G7+                 Bb                 E7     A7
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

    SERVIÇO
    Cineclube Buraco do Getúlio
    Dia 14 de fevereiro, terça, às 20h
    Casa de Cultura de Nova Iguaçu
    Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - Nova Iguaçu
    Próximo à Estação de Trem de Nova Iguaçu


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Lira do Delírio

CURIOSIDADES
- Anecy Rocha, a protagonista, morreu antes da montagem do filme. Alguns dizem que foi devido a um acidente de carro. Outros que ela foi pegar o elevador e surprise! O elevador não estava lá. O filme acabou servindo como uma homenagem póstuma também. 
- Na primeira etapa do filme, rodada em 16 mm no carnaval de Niterói de 1973, os atores envolveram-se em episódios reais de violência nas ruas. Na segunda etapa, rodada em 35 mm e três anos depois, os atores improvisaram boa parte da história policial de sequestro e assassinato. E ainda usaram os próprios nomes e temperamentos pessoais.
- Peréio foi o único a criar caso com seu nome no filme. Alegava que "Peréio" era, em si, um personagem. Se todos conservariam seus nomes originais, então o dele deveria ser Paulo César Campos Velho. Foi voto vencido. Necy jamais conseguiria olhar para ele e dizer "Porra, Paulo César!"

Pra entrar na alma da festa mundana que tal sabedoria das palavras do próprio Walter Lima? "A ideia era fazer um filme musical a partir de canções de Carnaval, acho que era assim, uma ideia litero-musical. E teria sido desta forma se o Carnaval daquele ano não nos envolvesse tanto. No Carnaval, o consciente é inconsciente. É a subversão psíquica onde a catarse vence. E assim nos perdemos na festa e quando a gente se perde no Carnaval vale dizer que o descobrimos."

Nos vemos terça?

domingo, 5 de fevereiro de 2012

2ª Sessão do Ciclo Carnavalesco

Nem toda a alegria impregnada em A Lira do Delírio pelas imagens festivas de um bloco de carnaval marchando pela rua, nem mesmo a figura risonha de Paulo César Pereio pairando fantasmático sobre estas imagens, podem esconder o sereno pesar anunciado pelo texto que ouvimos na abertura. É o próprio Pereio que apresenta aquele universo de exaltação, lembrando que a efemeridade faz parte de sua natureza íntima.

Dita desta maneira, num tom que parece evocar uma voz do além, talvez esse chamado à realidade soe profético. No entanto, A Lira do Delírio não é um exercício de prospecção, mas um sincero inventário das ilusões. Olha-se para o Carnaval com uma frontalidade que talvez nenhum outro filme brasileiro jamais tenha alcançado; é porque não se apega ao pequeno universo que, durante quatro dias do ano, forja um espaço idílico para a fantasia de todos nós. O delírio só pode ser vivido em sua plenitude se houver a consciência de que a quarta-feira de cinzas está logo adiante: nem toda a alegria consegue evitar o desencanto, a ressaca.

Em 1973, Walter Lima Jr., seus atores e uma equipe mínima saíram pelas ruas do centro de Niterói dispostos a mergulhar de cabeça no desfile de blocos. Não havia personagens ainda, apenas atores fantasiados, interagindo com a vida real. Estas são as imagens granuladas e saturadas que aparecem no começo, e depois pontuam a narrativa. Cinco anos depois, o diretor retorna a esse material semidocumental e tenta alinhavá-lo dentro de um enredo. O primeiro corte de um momento a outro dá a dimensão exata do que se passou nesse intervalo. Saímos do encontro animado entre uma foliã e seu cortejador para, num salto, reencontrá-los numa boate, agora já como Nessi Elliot e Cláudio, uma táxi-girl e um malandro da noite. O que antes se mostrava uma franca e desmedida partilha de afetos agora se tornou uma relação comercial, racionalizada pelos papéis que ambos assumiram ao longo dos anos, uma barreira sentimental intransponível.

É uma ressaca moral, antes de qualquer coisa. Em A Lira do Delírio tudo parece mergulhado na mais pura dubiedade. Por trás de uma aparente planificação narrativa, onde se assumem algumas das regras mais clássicas do cinema de gênero (trens misteriosos, seqüestro de bebês, incêndios criminosos, maletas com dinheiro, prostitutas solitárias e um universo masculino entre o protetor e o opressor), surge um senso de profundidade revelador. Mais que improviso, o que há em A Lira do Delírio é uma verdadeira dramaturgia do risco de real. Que os personagens assumam os nomes dos atores que os interpretam, que as situações dramáticas não sejam planejadas num roteiro, mas estimuladas por um diretor que liga a câmera e se dispõe a transformar em cena o que quer que surja nessa arena aberta, tudo isso não trabalha em nome da simplificação do processo, onde a espontaneidade funcionaria como aliviadora das tensões. Pelo contrário: somos constantemente desafiados a encarar o perigo de viver, de sentir. E se o Carnaval é um momento próprio à inversão de papéis, que cada máscara vestida não sirva para esconder quem está debaixo dela, mas sim para adicionar àquela personalidade um traço de caráter que a torne ainda mais complexa.

Tudo recomeça na quarta-feira de cinzas, como Pereio anuncia no final, e o carnaval passado deixou marcas profundas demais para serem ignoradas. Num país que estava a um ano de ver a anistia de seus exilados, e que ainda não conseguira calcular os mortos e desaparecidos nos porões da ditadura, a experiência da ressaca parecia tão fundamental e necessária quanto a incontornável vontade de enxergar algum lirismo em meio a todo aquele caos delirante.

Por Rodrigo de Oliveira, crítico de cinema, redator e co-editor da revista Contracampo e colunista do jornal capixaba Século Diário.


SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 07 de fevereiro, terça, às 20h
Casa de Cultura de Nova Iguaçu
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - Nova Iguaçu
Próximo à Estação de Trem de Nova Iguaçu