domingo, 29 de maio de 2011

5º Filme do Ciclo Enlouquecendo

Vídeo remix do filme Nina, adaptação do clássico Crime e Castigo de Dostoiévski, dirigido por Heitor Dhalia. Essa foi a primeira remixagem de um longa metragem no Brasil. Elka apresentou o remix La Nina, na festa de lançamento do filme no Mercado Municipal de São Paulo, a bordo de um um trio elétrico no prédio da prefeitura de São Paulo, no estádio do Pacaembu e na Av. Paulista ao som do DJ Mau Mau, e nos principais clubs de São Paulo.




quinta-feira, 26 de maio de 2011

Nina

Curiosidades Fílmicas

- Nascido no Recife, em Pernambuco, Heitor Dhalia mudou-se para São Paulo em 1993, onde mora até hoje. Redator publicitário, trabalhou nas principais agências de propaganda brasileiras, tendo criado e produzido mais de cem filmes. Estréia no cinema em 1999, primeiro como assistente de Aluízio Abranches no longa-metragem Um Copo De Cólera, depois como roteirista de As Três Marias e como diretor do curta Conceição. Nina é sua estréia na direção de longas.

- Parceiro de Heitor Dhalia desde o curta-metragem Conceição, José Roberto Eliezer, foi uma escolha quase natural para a função em Nina. Zé Bob, como é conhecido no meio, começou carreira como assistente e estreou na direção de fotografia de longa-metragem com o Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach. Outros créditos de Zé Bob como fotógrafo incluem Cidade Oculta (1986), de Chico Botelho; Anjos da Noite (1988), de Wilson Barros; A Dama do Cine Shanghai (1988), de Guilherme de Almeida Prado, e A Grande Arte (1992), de Walter Salles.

- Jornalista por formação, Marçal Aquino começou carreira como repórter e redator, antes de se dedicar à literatura e ao cinema. Publicou, entre outros livros, "O Amor E Outros Objetos Pontiagudos", pelo qual recebeu o prêmio Jabuti. Em parceria com Beto Brant, atuou como roteirista dos filmes Os Matadores, Ação Entre Amigos e O Invasor. Com Heitor Dhalia, desenvolveu o roteiro de Nina.

- Escritor e autor de quadrinhos, o paulista Lourenço Mutarelli é responsável pelos desenhos feitos por Nina, que ilustram as animações que pontuam o filme. 

- Estreantes, Akira Goto e Guta Carvalho assinam juntos a concepção artística de Nina.



- Todo o material usado na construção dos cenários foi adquirido em demolição. Com isso, obteve-se a sensação de gastura, de passagem do tempo, de um clima decadente próprio da velha usurária Eulália. Ambientes amplos, pé direito alto, corredores largos, escadas em caracol, cores dessaturadas, luzes esmaecidas. Todos esses elementos indicam o estado de opressão constante em que vive Nina.


SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 31 de maio, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

domingo, 22 de maio de 2011

4º Filme do Ciclo Enlouquecendo

Wikipédia, a enciclopédia livre, diz que:

João Acácio Pereira da Costa (conhecido como Bandido da Luz Vermelha) foi um notório criminoso brasileiro.

João Acácio ficou órfão com apenas quatro anos, dali por diante, sua vida no crime se iniciou. Chegou ao estado de São Paulo ainda na adolescência, fugindo dos furtos que praticara em Santa Catarina. Foi morar em Santos, onde se dizia filho de fazendeiros e bom moço. Na verdade, levava uma vida pacata no lugar que escolheu para morar, praticando seus crimes em São Paulo e voltando incólume para Santos. Sua preferência era por mansões. Seu estilo próprio de cometer os crimes (sempre nas últimas horas da madrugada, cortando a energia da casa, usando um lenço para cobrir o rosto e carregando uma lanterna com bocal vermelho) chamou a atenção da imprensa, que o apelidou de "Bandido da Luz Vermelha", em referência ao notório criminoso estadunidense Caryl Chessman, que tinha o mesmo apelido.

Foi preso em 8 de agosto de 1967, enquanto estava foragido no Paraná, foi acusado por quatro assassinatos, sete tentativas de homicídio e 77 assaltos, sendo condenado a 351 anos, 9 meses e três dias de prisão, dizem que cometeu estupro ou que teve relações sexuais com as vítimas de seus crimes, porém não foi acusado deste crime (o comentário era que recebia muitas visitas de mulheres desconhecidas que choravam sua ausência). Após cumprir os 30 anos previstos em lei, é libertado na noite do dia 26 de agosto de 1997. Após libertado, ganha fama na cidade onde passa a morar (Joinville, em Santa Catarina), tinha obsessão em vestir roupas vermelhas e quando alguém lhe pedia um autógrafo ele simplesmente escrevia a palavra "Autógrafo". Após apenas quatro meses e vinte dias em liberdade João foi assassinado com um tiro de espingarda no dia 5 de janeiro de 1998, durante uma briga com um pescador na cidade de Joinville.

Sua vida de crimes inspirou o filme O Bandido da Luz Vermelha de 1968, do cineasta Rogério Sganzerla, em que foi vivido pelo ator Paulo Villaça.

SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 24 de maio, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Bandido da Luz Vermelha

A estética do lixo do bandido Sganzerla
Ao realizar com vinte e poucos anos O Bandido da Luz Vermelha, Sganzerla não apenas surge com um filme totalmente novo e genial no cenário algo institucionalizado em que vai se tornando o Cinema Novo. Mais que isso, seu primeiro filme vem apontar para um outro cinema, fatalmente batizado de marginal, descompromissado com construções narrativas e psicológicas. Um cinema do instante, ao mesmo tempo performático e reflexivo. E não surpreende que, antenado com a novidade, Glauber tenha também enveredado por essas trilhas, ao filmar Câncer. Apesar da fidelidade aos amigos, sua sensibilidade artística estava mais próxima do experimentalismo dos marginais Sganzerla e Bressane. O resto da sua trajetória solitária o confirmaria cada vez mais.

(...) Ver ou rever O Bandido da Luz Vermelha é uma curiosa experiência. Um mergulho num filme visceralmente identificado à sua época e, talvez por isso mesmo, ainda atual, nada tendo perdido do seu poder. Atemporal, nunca datado. Eterna lição de cinema.

O Bandido da Luz Vermelha é um intenso diálogo com o cinema, com o dado cultural em geral (quadrinhos, tv, música popular), com o Brasil em época de crise. As convulsões do país não se manifestam numa transposição metafórica, como no belo e lírico Terra em Transe. O sintoma em lugar do símbolo. Um bandido em lugar de um poeta. Cada elemento do filme diz essa convulsão, que não é só política, é total, pois que o político nada mais é que o viver-junto. O próprio filme como produto de um país pobre, periférico, em crise. Depois da estética da fome, a estética do lixo.

(...) Um país em crise pede um filme em crise. Crise da representação, impossibilidade de, sendo periferia, fazer cinema de primeiro mundo. Imagens das mais diversas naturezas entram em conflito, numa montagem heterogênea, colagem dos mais diversos objetos culturais. A temporalidade do filme de Godard, contemplativa e melancólica, busca do absoluto na arte e na vida despedaça-se, atomiza-se numa sucessão de instantes, um presente a gaguejar sem fim, infernal. Não há possibilidade sequer de avançar, evoluir ao longo da linha do tempo, quanto mais aspirar ao eterno. O bandido, manifestando a crise existencial de ser brasileiro quando o mar não tá pra peixe, grita, engole tinta, tenta se matar no mar depois de borrifar-se com detefon, e termina por dizer à câmera: "Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha. Avacalha e se esculhamba."

(...) Sganzerla escolhe uma estratégia radicalmente diferente, diria até oposta, da do cinema novo. A metalinguagem, o discurso que se apresenta enquanto discurso, sem artifícios, destina-se a outro público. O filme fala de igual para igual com o espectador. Quem tem os dados para enxergar a mensagem que o faça e azar de quem não tem. O trato é com a inteligência. Não se trata mais de conscientização, ilusória proposta do cinema novo, nem de empatia, talvez seu verdadeiro veículo. Sganzerla, conscientemente, está falando para um público de classe média culto, seu semelhante. Aponta para o fim da ilusão de um cinema de transformação social, tabu cinemanovista até então incólume.
(...) Questionar o poder do discurso da arte leva a questionar a própria arte e o lugar do artista. Não mais a certeza da nobre missão política do artista engajado. Não mais a certeza do poder do discurso cinematográfico. Talvez esteja aí a razão profunda do conflito entre marginais e cinemanovistas.



domingo, 15 de maio de 2011

3º Filme do Ciclo Enlouquecendo

A expressão Bicho de Sete Cabeças tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules.
A expressão representa a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.
De acordo com a Wikipédia, o filme conta a história de Neto, um jovem que é internado em um hospital psiquiátrico, após seu pai descobrir um cigarro de maconha em seu casaco. Lá, Neto é submetido a situações abusivas. O filme além de abordar a questão dos abusos feitos pelos hospitais psiquiátricos, também aborda a questão das drogas e a relação entre pai e filho.
Bicho de Sete Cabeças foi amplamente aclamado de um modo geral, recebendo vários prêmios e indicações, dentre eles, o Prêmio Qualidade Brasil, o Grande Prêmio Cinema Brasil e o Troféu APCA de "Melhor Filme", além de ser o filme mais premiado do Festival de Brasília e do Festival do Recife.O filme abriu portas para uma nova maneira de pensar sobre as instituições psiquiátricas no Brasil e em torno disso foi aprovada pelo Congresso Nacional, uma lei que proíbe a construção dessas instituições.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Bicho de Sete Cabeças


o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora
SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 17 de maio, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

terça-feira, 10 de maio de 2011

Estorvo



Adaptação do romance de Chico Buarque. Estorvo = barulhos, inquietação, desejo de apalpar o próprio movimento. Segundo o protagonista: "Não estou entrando em lugar nenhum, mas saio muito de todos os outros" ou "Eu, por mim, levava no vapor o resto da existência"

Sinopse: uma noite mal dormida, um pesadelo existencialista. Personagens anônimos, um protagonista. A campainha insistente, o olho mágico e a visão de um desconhecido que lembra alguém. Perseguição. Estorvo = "Um homem sem compromisso com uma mala na mão está comprometido com o destino da mala"

domingo, 8 de maio de 2011

2º Filme do Ciclo Enlouquecendo

Ruy Guerra confessa - ele também se incomoda com Estorvo, o filme que adaptou do livro de Chico Buarque de Holanda. É um filme difícil, incômodo. O próprio Guerra concorda. Mas é um filme que precisava ser feito e ele se orgulha de ser o autor. Uma obra radical, que retoma a chama das mais importantes de sua carreira - um filme transgressor como Os Cafajestes, politicamente forte como Os Fuzis. Um filme jovem, arrojado e corajoso em sua proposta, feito por um homem de mais de 60 anos. Existe salvação para o cinema, fora das fronteiras de Hollywood.


Guerra confessa o que o atraiu no livro de Chico - "Foi o olhar sobre o mal-estar moral e político da sociedade contemporânea, essa malaise que se acentuou com a derrocada das ideologias, mas também foi a questão da linguagem; uma, aliás, não exclui a outra." Para expressar a malaise, Chico criou um livro perturbador. Desde o início, o leitor é amarrado na paranóia do narrador e o segue em seus deslocamentos cegos - a cidade não tem nome, ninguém tem nome, só o narrador tem acesso a pequenas verdades que não revela. É uma metáfora do Brasil (e do mundo) contemporâneo.


A malaise, a preocupação com a linguagem, tudo isso atraiu Guerra, mas ele pescou em Chico outras preocupações que lhe são próprias - a maneira de jogar com o tempo, o exercício de fragmentaçãocênica, como forma de traduzir essa realidade. Estorvo saiu, assim, como um filme que faz justiça ao título - é um estorvo, mas certamente oferece densidades e sutilezas, além de prazeres estéticos que se fazem cada vez mais raros. Um desses prazeres é descobrir o brilhante trabalho do diretor de fotografia Marcelo Durst. É uma das mais belas e elaboradas fotografias do cinema nos últimos anos. Os grandes nomes de Hollywood deviam tomar lições com esse jovem de 30 e poucos anos.



Tantos elogios à fotografia de Estorvo mexem com os brios do diretor e o levam a fazer uma retificação. "Falam no Marcelo como sangue novo, como se a concepção visual do filme fosse dele." Guerra assume o conceito fotográfico de Estorvo. Acha que isso não desmerece em nada o trabalho de Marcelo Durst, pois ele queria uma determinada coisa e contou com o gênio de seu jovem fotógrafo para torná-la viável na tela. Guerra queria uma fotografia em cores que se assemelhasse ao preto-e-branco - Durst proporcionou-lhe os meios técnicos de fazê-lo. De resto, o conceito é todo dele - movimentação e marcação da câmera, lentes. Guerra conta que os planos foram milimetricamente planejados por ele. Durst executou-os - com raro brilho. Merece totalmente o Kikito que o filme ganhou no Festival de Gramado(...)


É um filme radical - pela fragmentação da narrativa, pela dramaturgia (...) Estorvo passa um estranhamento, que é maior em razão da natureza do personagem. "Ele demora para se definir, há nele uma indiferença, um tanto faz; quando se define, deixa claro que o filme é débil como trama." Tudo isso incomoda, o próprio Guerra sente-se incomodado, mas o incômodo é essencial para transmitir uma certa reflexão (...) Ele acredita no filme que fez. Considera Estorvo um filme de rompimento, uma peça de resistência, por seu corpo a corpo com a linguagem e a realidade. É uma forma de prosseguir e levar adiante a experiência de Chico, seu parceiro em peças e músicas, pois no "Estorvo" de Chico o romance é o texto e o texto é o personagem, sendo o personagem (Perugorría, no filme) um marginal por sua falta de vínculos.

SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 10 de maio, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sessão Dizem que Sou Louco

É no sábado dia 07 de maio que todo mundo poderá soltar o doido, maluco, desvairado ou louco que tem dentro de si e ir curtir a Sessão Dizem Que Sou Louco do BG!
Pra começar, curtas sobre os processos e artimanhas da loucura e intervenção poética com Tubarão. E depois festinha com os DJs Zeh Alsanne, DJ Jimy Lage, Rádio Rua e a Banda Clube Solitário do Éden, agora pra valer! Nos vemos lá, todos os malucos à solta!



 SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 07 de maio, às 20h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

segunda-feira, 2 de maio de 2011

1º Filme do Ciclo Enlouquecendo

O Louco é o vigésimo segundo Arcano maior do Tarot, ou, simplesmente, o número 0, conforme os baralhos. Esta carta representa um jovem leve e solto, que caminha a tocar flauta. À sua frente está um precipício. Tem uma trouxa às costas, há uma borboleta que voa por ali e um cão que lhe morde o calcanhar. Em O homem que virou suco, um poeta popular nordestino recém chegado a São Paulo é confundido com operário de uma multinacional que matou o patrão. Este poeta flutua sobre o precipício. Às suas costas a trouxa de imigrante. O limiar entre extremos. As palavras em cordel.



III. O Folheto de Cordel


O Homem Que Virou Suco
Folheto de Cordel - 1974
Autoria: João Batista de Andrade.

Eu vou contar pra vocês
Uma história diferente
Tão verdadeira e bonita
Que não há quem a invente
Tudo o que eu conto é verdade
Embora às vezes aumente
Um homem não vale nada
Fora de seu quintal
Sem amigos sem dinheiro
Em sua luta contra o mal
De todo jeito que tenta
Acaba em triste final
O demo toma mil formas
                                               Do mais gordo ao magricela
                                               Um some na sua porta
                                               E aparece na janela
                                               Um te salva da fogueira
                                               Outro joga na panela
                                               (...)