sexta-feira, 27 de abril de 2012

Bróder

Você se perdeu no caminho ou escolheu um caminho diferente? Afastar-se das normas morais ou da Justiça é apenas sinônimo de rebeldia? Ainda existe uma Juventude Transviada?

O Buraco do Getúlio de maio exibe filmes que trazem uma representação da juventude contemporânea e como ela está a se construir, ativa e efervescente, dentro de seu universo mutante. Pra onde vamos nós? 

Ciclo JUVENTUDE TRANSVIADA? A partir de primeiro de maio, naquele cinema irado de Nova Iguaçu, sempre às terças.

Macunaíma do Capão Redondo
Jornal do BrasilDaniel Schenke
É possível reconhecer em Bróder determinados temas abordados em outros filmes brasileiros ambientados na periferia de São Paulo. A jornada de três amigos, dos bairros economicamente menos favorecidos às regiões mais abastadas, evoca, por exemplo, o bom De passagem, de Ricardo Elias, que contava com o mesmo Silvio Guindane no elenco. Mas eventuais semelhanças não prejudicam muito este aguardado trabalho de Jeferson De, que também revela suas especificidades. 
A principal delas reside no apelido do personagem de Caio Blat – Macu, referência direta a Macunaíma, livro de Mario de Andrade transportado para o teatro por Antunes Filho e para o cinema por Joaquim Pedro de Andrade. Morador branco num bairro de maioria negra, o Capão Redondo, Macu, porém, se sente integrado, a ponto de dar a sensação de esquecer sua cor de pele, pertencimento, porém, que não o livra do perigoso flerte com o mundo do crime. Os amigos negros, interpretados por Guindane e Jonathan Haagensen, é que se distanciaram do bairro – o primeiro foi morar em frente ao Minhocão, conhecido cartão-postal de São Paulo, e o segundo migrou para o exterior, aproveitando as chances conquistadas como jogador de futebol. Numa ida à região central da cidade, Macu é confrontado com a diferença de tratamento entre brancos e negros.
Seguindo uma vertente do cinema brasileiro, Bróder eleva a periferia ao status de personagem, condição evidenciada através das tomadas panorâmicas, das sequências vertiginosas em becos e vielas e da relevância do bairro na vida dos personagens. Conduzidos pelo preparador Sérgio Penna, os atores buscam imprimir veracidade interpretativa. O trabalho mais surpreendente é o de Caio Blat, que investe numa composição sem incorrer na armadilha da artificialidade.

SERVIÇO
    Cineclube Buraco do Getúlio
    Dia 01 de maio, terça, às 20h
    Casa de Cultura de Nova Iguaçu
    Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - Nova Iguaçu
    Próximo à Estação de Trem de Nova Iguaçu

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