quinta-feira, 12 de junho de 2008

São Paulo na Encolha S/A

Na nossa terceira edição da sessão "Buraco Na Encolha", exibimos um filme que é considerado um dos maiores filmes do cinema brasileiro: "São Paulo S/A", de Luis Sérgio Person.
Todos já sabem, é de nossa intensão fazer com que essas exibições mensais do Buraco no Espaço Na Encolha sejam voltadas para a discussão sobre cinema, sempre com um convidado "entendedor" do ofício da sétima arte. A bola da vez é Roberto Souza Leão, formado em Cinema pela UFF e realizador de várias peripécias no meio cinematográfico. Conferimos abaixo o texto de Roberto sobre "São Paulo S/A", para que desde já nos preparemos para o debate:

"É bastante comum que estabelecer parâmetros de compreensão histórica dos movimentos culturais. Tal prática conduz o espectador a lugares mais seguros, e orientam o olhar. Contudo, algumas obras desafiam nosso entendimento. São Paulo Sociedade Anônima, primeiro filme do breve Luiz Sérgio Person, de 1965, com certeza é uma dessas obras que geram crise, e que nos força a analisar mais cuidadosamente suas nuances e seus sentidos.

Na historiografia do cinema brasileiro São Paulo S/A é tido como um legítimo representante do cinema novo, principalmente no que concerne aos chamados filmes da segunda fase do movimento, onde o cangaço e a favela saem da agenda, e entram em pauta aos dilemas da classe média e a problematização da figura do intelectual na sociedade brasileira. No entanto, as querelas entre a porção paulista e carioca do cinema na década de 60, deixam claro que, apesar de uma temática próxima aos demais filmes dessa época, e uma estética marcadamente de um cinema moderno e autoral, São Paulo S/A foi um filme sem muitos ecos e com um legado ainda por ser explorado.


O filme acompanha a trajetória de Carlos, vivido por Walmor Chagas, entre os anos de 1957 e 1961. Carlos é um desenhista industrial que ingressa em uma fábrica da Volkswagen na grande São Paulo, em plena euforia desenvolvimentista dos anos JK. Após ser demitido da fábrica, passa a trabalhar para Arturo (Otelo Zeloni), pequeno industrial do setor de autopeças. Carlos inicia um percurso angustiado, transitando entre adesão e inconformismo, sem em nenhum momento abandonar sua consciência sobre a falência de um projeto de vida sólido e ordenado. Ao mesmo tempo se envolve com Ana, Luciana e Hilda (Darlene Glória, Eva Wilma e Ana Esmeralda, respectivamente), três mulheres de valores e ideais distintos que aguçam em Carlos um sentimento de deslocamento. Conforme as palavras do próprio Person, o personagem gradativamente “perde seu do relacionamento autentico com as pessoas e coisas que o cercam”.


Ancorado pela fotografia de Ricardo Aronovich e pela montagem precisa de Glauco Mirko Laurelli, criando uma atmosfera de asfixia do personagem, o filme de Person é um perfeito exemplo do sentido de cinema moderno brasileiro. Em plena ditadura militar, Person propõe um recuo na história e questiona sobre o projeto nacional desenvolvimentista daqueles anos, através dos conflitos internos de seu personagem. Um personagem tomado pela agonia."


Agora é só esperar a sessão começar. Até lá!


SERVIÇO


Quarta-feira, 18/06/08, às 19h


CINECLUBE BURACO DO GETÚLIO

Espaço Na Encolha: Rua Manoel da Silva Falcão, 739 – Califórnia – Nova Iguaçu

Parceria Buraco do Getúlio/Espaço Na Encolha

Sessão Buraco Na Encolha

Entrada Franca


"São Paulo S/A"

Ficha Técnica
Luís Sérgio Person - Diretor
Renato Magalhães Gouveia - Produtor
Nelson Mattos Penteado - Produtor executivo
Cláudio Petráglia - Trilha sonora
Ricardo Aronovich - Fotografia
Glauco Mirko Laurelli - Montagem
Jean Laffront - Direção de arte
Elenco: Walmor Chagar, Eva Vilma, Lenoir Bittencourt, Darlene Glória, Otelo Zeloni, Ana Esmeralda.


Por Zeh Alsanne

Um comentário:

  1. Poxa, a sessão foi ótima, o Roberto nos esclareceu, nos informou... Pelo menos pra mim... rs Se abalou lááá do outro lado do Rio...
    Fico triste que poucas pessoas estejam indo...
    Pqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqqq???
    Abraços

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