domingo, 20 de fevereiro de 2011

4º Filme do Ciclo Verão

"Né coisa errada não, mãe"



Ódiquê? (corruptela da expressão 'ódio de quê?) divide opiniões.

Para Daniel Caetano, crítico da Revista de Cinema Contracampo, “Odiquê retrata personagens asquerosos numa trama de violência e engodo, com eficiência narrativa, bom desempenho dos atores e bastante naturalismo e humor em diálogos cheios de gírias. Mas é na relação que estabelecemos com estes personagens que existe o interesse principal e o ponto crítico do filme: até onde se pode defender que o filme não se concilia com seus personagens? Temos aí uma questão problemática e bastante interessante: até que ponto vale a pena e justifica-se fazer o retrato de personagens ignóbeis? Até que ponto fazer, em cinema, este retrato é uma manifestação digna, “necessária”, externando repulsa por tipos ou situações que incomodam aos realizadores? E a partir de que ponto este olhar perde sua força devido à soberba e à certeza de superioridade moral diante de seus personagens? Enquanto se pode crer que o filme de Felipe Joffily (e sua equipe) pretende denunciar e atacar a falta de limites éticos de uma certa juventude, esta questão se impõe: até que ponto a certeza de superioridade moral que o filme tem sobre seus personagens não o torna arrogante, não o esvazia? Por mais desagradável que ela seja, encarar esta questão problemática é a única redenção possível para Ódiquê. Um antigo poeta francês uma vez escreveu que “é nos objetos repugnantes que encontramos as jóias”. A única maneira de justificar este retrato das atitudes imorais e ignóbeis dos jovens seria por este viés - o chafurdar na lama para purificar-se de que falou uma vez Nelson Rodrigues - devido aos próprios caminhos escolhidos pelo filme. Retratando o que lhe causa repugnância, Ódiquê seria uma jóia por nos fazer sentir o mesmo asco que sente. 


Para Eduardo Nozari, estudante de jornalismo e aprendiz de crítico de cinema “ é um filme brasileiro muito, muito ruim. O argumento até que é razoável, seguindo a linha de Alpha Dog. Ou também do francês O Ódio, de Mathieu Kassovitz, que tem um dos melhores finais que já vi. Mas em Ódiquê? ficou péssimo. A trama acompanha três (burros) jovens cariocas de classe média que se envolvem numa complicada situação em busca de drogas e dinheiro. O roteiro é sofrível, repetitivo até não poder mais, e as atuações conseguem ser ainda piores (o único que se salva é Luiz Antônio do Nascimento, guri que interpreta um flanelinha). Para mim, o diretor Felipe Joffily tem que rever radicalmente seus conceitos para um próximo filme, se houver.


Para checar mais sobre o filme acesse:
http://www.contracampo.com.br/64/odique.htm
http://sobretudocinema.wordpress.com/2008/04/30/odique/

Participe do Buraco do Getúlio: escreva um comentário, uma crítica ou uma curiosidade sobre o filme "Ódiquê?" e mande pra gente.




SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 22 de fevereiro, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro


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