DZI! DZI! Croquettes, as internacionais. Este era o grito de guerra do grupo de teatro-dança, que trouxe importantes modificações para a cena artística brasileira, mas cuja importância havia sido esquecida pela nossa história. Tatiana Issa e Raphael Alvarez através de depoimentos dos que trabalharam com eles ou foram influenciados pela estética do grupo, além das poucas imagens em vídeo das apresentações da trupe resgatam a trajetória das fabulosas Dzi.
O Dzi Croquettes era formado pelos seguintes artistas: Lennie Dale, Wagner Ribeiro, Cláudio Tovar, Cláudio Gaya, os irmãos Rogério de Poly e Reginaldo de Poly, Bayard Tonelli, Paulo Bacellar, Benedictus Lacerda, Carlos Machado, Eloy Simões, Roberto Rodrigues e Ciro Barcelos. Essa foi a formação original do grupo. Depois, nomes como Dario Menezes, Fernando Pinto e Jorge Fernando farão parte da companhia.
Deles, estão vivos apenas Tovar, Reginaldo, Bayard, Benedictus, Ciro, Jorge e Dario. Isso foi um dos fatores que dificultou o trabalho de Tatiana e Raphael para a realização do filme, a falta de material sobre as encenações do grupo e a ausência da maior parte dos seus integrantes. No livro Ela é Carioca, o escritor Ruy Castro fala de uma maldição que aconteceu ao grupo, o fato de a maior parte dos integrantes terem morrido.
Eles surgiram no período mais terrível do regime militar brasileiro, a época em que foi presidente, Emílio Garrastazu Médici. Artistas como Aderbal Freire Filho, Elke Maravilha, Norma Bengell e Ney Matogrosso falam no documentário sobre essa fase terrível da nossa história e de como a arte brasileira foi afetada após a promulgação do AI-5. Os Dzi Croquettes surgiram com a proposta de criar espetáculos musicais, onde homens musculosos se vestiam de mulher com um estranho travestimento. Os corpos apareciam envoltos em glitter, enormes cílios postiços, e purpurina, mas ao mesmo tempo, eles mantinham os pelos expostos e faziam uma dança dura, masculina, que balançava a estrutura sexual das pessoas como lembra em depoimento ao filme, o encenador Amir Haddad.
A proposta da união “da força do macho com a graça da fêmea” (lema do grupo) acaba incomodando a censura e faz com que o grupo decida ir para a Europa. È na França que os Dzi ganham a sua madrinha Liza Minnelli, que, por sinal dá um belo depoimento ao filme. É em Paris que o cenógrafo Américo Issa (pai de Tatiana) começa a trabalhar com o grupo.
O filme, além da recuperação da história dos Dzi, é também uma bela homenagem que a cineasta faz a memória do seu pai, falecido em 2001. O documentário apresenta também os relatos de artistas que foram influenciados pela estética do grupo. Cláudia Raia, Miguel Falabella e Pedro Cardoso são alguns dos que reconhecem que os Dzi Croquettes exerceram um papel fundamental na obra deles.
Dzi Croquettes é um documento precioso.
por Luís Francisco Wasilewski em http://colunistas.ig.com.br/aplausobrasil/2009/12/14/documentario-recupera-a-historia-das-fabulosas-dzi-croquettes/
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