quinta-feira, 16 de junho de 2011

Rainhas

Fernanda Tornaghi, uma das diretoras do documentário e o cuidado que teve ao tratar do tema e sua curiosidade em entender as motivações dos transformistas. O filme acompanha a trajetória de Fábio, um rapaz de Rondônia que vem ao Rio de Janeiro como o objetivo de se tornar a próxima Miss Brasil Gay. 

Como vocês tomaram conhecimento dessa história?
A gente sempre teve vontade de investigar essa história do homem que quer se travestir, que quer ser mulher. Acho que todo mundo tem curiosidade de saber o por que disso, da onde vem essa vontade. O nosso produtor conheceu um rapaz que se travestia, coisa muito rara de se encontrar no nosso convívio. Todo mundo tinha a impressão de que essas pessoas eram marginalizadas, que elas estavam escondidas de alguma forma. A primeira idéia foi a de produzir um concurso e registrar a transformação dos participantes, o que seria muito complicado. Foi aí que uma amiga nossa produtora contou pra gente sobre o concurso Miss Rio de janeiro Gay. A gente resolveu então registrar o evento e acompanhar a trajetória do vencedor até o Miss Brasil Gay, fosse ele quem fosse.
Que tipo de cuidado vocês tiveram ao contar essa história de um jeito respeitoso, sem soar como deboche?
Acho que o respeito que o filme traz vem do respeito que tivemos com o Fábio (personagem central do filme). O próprio filme mostra essa aproximação gradual que aconteceu ao longo das filmagens. No início houve uma certa resistência mas aos poucos a gente foi se aproximando até ficarmos amigos. Acho que outro fator importante para isso acontecer foi o fato da gente não querer dar respostas. O filme é uma investigação.
Você acha que realmente existe um gênero gay de cinema?
Com certeza existe e acho que o mais legal é que eles não necessariamente tratam sobre ser gay. Ser gay é só uma faceta de uma pessoa entre um monte de outras.
Você morou nos EUA durante muito tempo e lá existe uma cultura de filme gay há muitos anos. Você acha que este gênero existe no Brasil?
Ainda não, mas acho que surgirá naturalmente. Eu torço para que sim.
Você via diferença entre o Fábio e a Michele (identidade de Fábio travestido)?
A Michele não é o Fábio vestido de mulher, eles são pessoas realmente diferentes. Ele me tratava diferente e adquiria trejeitos de mulher, coisa que ele não tem normalmente. Os outros transformistas com quem a gente conversou também trazem isso.

SERVIÇO
Cineclube Buraco do Getúlio
Dia 21 de junho, às 19h
Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - NI

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